Pensar II

Estou onde nunca estive...
Cativo de um sentimento sem igual, anseio por ser completo, sem feridas, nem tão pouco sinais.

Soltas...

Posso até não chegar à Lua,

mas fizeste-me dar um saltinho...

Soltas...

Nos teus olhos ver-me-ei sempre belo.

Alma

Bisonha alma a minha,

Que cuidados merecerá?

Nenhuns.

Todos.

Quem saberá melhor que tu?

Não sei.

Alma minha que te vais.

Fica.

Tratarei de te amar e alimentar.

Até que a morte nos separe...

"Máquina da Felicidade"

"Máquina da Felicidade" (A. Caeiro)
Que em ti encerras,
Sempre pronta.
Em qualquer idade
Libertas as tuas garras,
Sua tonta.

Amo-te... árvore!

Cravas-me fundo, sem piedade
uma e outra vez! Usas-me
a teu belo prazer, fico imóvel,
dependente da tua vontade...

Sinto-te, sempre audaz,
pouco cavalheiro, mordaz até!
Achas-te o máximo, digo-te
que não és! Apenas me sacrificas...

Durmo, acordo! As feridas
sangram, quase cicatrizam!...
Já não aguento a dor! NÃO!
Vem e escreve-me, eu aguento.

Prego, faca, canivete, pedra...
Tudo usas para me escreveres,
usa-me como papel! Ignora-me...
Amas e amas... e mais amor!!!

Será que amas? Ou apenas
me usas para tua vaidade?!
Expões-me ao ridículo, sofro
por teus amores infindos...

Tremo... aguardo dias mais
quentes e que ocupem o teu
precioso lugar... afinal
há-de haver quem ame, diferente......

e apenas diga: "Amo-te!"

(Pensarei que é para mim...)

Dicionário - Olhar

do Lat. *adoculare < ad + oculare,

ver v. tr.,
fitar os olhos em Ti;
encarar-Te;
fazer por ver-Te;
contemplar-Te;
observar-Te;
cuidar de Ti;
o aspecto, a expressão dos Teus olhos.

Ver-te! Sempre... inteira a meus olhos.

...sobremesa

Sobremesa.

Prato principal.

Sopa.

Entrada.

Aperitivos à parte.

Prazeres infindos,

Pecado da gula.

Sem ordem, puros...

Os sentidos em êxtase!

Como seda em mão rugosa,

A comida toca no palato.

Lábios que se esfregam,

Em dança provocante.

Pêlos ondulantes,

Narinas dilatadas.

Princípio, meio e ...

Fim.

Perfeito deleitar,

Pleno acto de amar.

Transparente

Das janelas negras
De pedra bojardada orladas.
Abertas para sempre.
Luz intensa que te lembre.

Nesta rua de casas tão iguais.
Altas e baixas, de cores berrantes.
Nada ficará como dantes.

Destacada na paisagem, de janelas fechadas.
Todas a olham com inveja.
Quem passa contempla e deseja.
Como soma de todas as mulheres amadas,

Ilumina-a em foco intenso e quente.
Derrete as cores e fica transparente...

Escadaria da esperança

Na beleza das palavras que ouço,

Que leio, que imagino...

Estás tu... só!

Alegre porém, na tua serena beleza.

Gestos mansos, face contraída

Por mil expressões gravadas.

Hábeis mãos, fortes

até na expressão.

Gestos únicos,

Até no sentido.

Sem te ver, olho-te sempre.

Vejo-te,

Porque queremos.

Rainer Maria Rilke

Rainer Maria Rilke (1875-1926)

de, O Livro da Pobreza e da Morte (1903)

Senhor, dá a cada um a sua própria morte.
Uma morte saída dessa mesma vida
em que ele teve amor, miséria e sentido.

N' O Público na edição de 6ª feira, pode ler-se:
"O Livro da Pobreza e da Morte", terceiro livro da trilogia d' "O Livro da Horas" que Rilke escreveu em 1903, é reeditado em Portugal ao fim de 15 anos fora das livrarias. "

Tristeza

Eu sei... Eu sei... (Gargalhadas)
Bates. Bates decidida.
Forte som ecoa na cabeça,
Porta fechada que queres aberta.

Não. Mil vezes NÃO!
Não vais entrar. Não.

Se eu poder dicidir, não entras.
Não fujo, não te receio.

Vem como queiras...
Abro as portas de par-em-par,
Não te resisto, entra convencida.
Sei agora que não me vencerás .

Nunca.

Jantar no paraíso...

Porque há momentos assim...

Em que lá não estamos , mas sentimos como tal!

Dicionário - Acariciar

verbo transansitivo,
fazer-TE carícias;

quero afagar-TE;

Vou-TE amimar;

acarinhar-TE;

roçar-TE;

tocar-TE de leve...

... ou simplesmente sentires-Me! Mesmo que não Te toque.

Sem fôlego!

A urgência de quem quer!

A urgência de quem ama!

Quer e ama quem sente.

Corpos que se colam, em êxtase.

Não sobram, consomem-se.

Amor (Faz-nos mover?)

Move-nos!

Do movimento nasce a acção,
Sem acção não há movimento...

Dos corpos,
Das palavras,
Das acções.

Sentir a dúvida... é procurar.
O que existe e o que não existe.

Olhos

Do verde dos teus, vejo
o reflexo ténue de mim.
De um verde sereno e belo,
brilhantes... sorriem!

A alegria que transportam,
só ultrapassada pela paixão
de quem os olha... sofrido.

Não consigo parar de te olhar,
ainda que te atrapalhe.
Olhar e ver-te,
nua, transparente...

Nota...

Porque todos os dias te amo, não concebo um dia em que "tenha" de o fazer...

... porque todos os dias respiramos.

Simplesmente Só para TI!

Palavras,
escrevo... inspiras-me!
Passeiam perante os meus olhos,
cansados de tanto as ver...

E tudo apenas
para gritar ao vento,
AMO-TE!

Tão mais fácil
seria dizer-TE!...